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sábado, 5 de abril de 2008

OS DESAFIOS DO SETOR DO LUXO EM 2008

Muitos especialistas preferem dizer que as crises econômicas não afetam o setor do luxo. Será?

Os fabricantes de carros de luxo que participaram do salão do automóvel de Detroit fizeram questão de mostrar que a desaceleração econômica até agora não afetou o consumo dos mais ricos nos Estados Unidos. Ferrari, Maserati, Bentley, Lamborghini e Rolls Royce foram algumas das marcas de luxo que registraram resultados recorde em 2007 e continuam otimistas em relação ao principal mercado do mundo em 2008. "Alguns fabricantes de automóveis estão em baixa.

Os americanos têm medo de uma desaceleração econômica. Mas em nosso segmento, os ricos continuam gastando como sempre e seguirão comprando veículos caros, inovadores e exclusivos", disse Jim Selwa, presidente da Maserati Norte America. O executivo-chefe da LVMH, Bernard Arnault, também fez o possível para acabar com os receios dos investidores frente à crise norte americana. Ele projetou quase o dobro das vendas no setor nos próximos cinco anos.

Na semana passada a LVMH anunciou um crescimento de 8% nos lucros em relação ao ano anterior, totalizando 2,02 bilhões de euros. Arnault acredita na força dos países emergentes e no aumento do número de pessoas ricas em todo o mundo. "Nossos produtos são direcionados para as camadas com maior poder de compra da sociedade e, com o desenvolvimento cada vez maior destes países, a clientela para o luxo tende a crescer em igual medida", explicou.

O maior executivo da LVMH não está errado em apostar no aumento da demanda dos países emergentes. De acordo com a consultoria Bain, que foi publicada no jornal Valor Econômico, ainda que a Europa continue sendo o maior mercado para os bens de luxo com 40% das vendas, há um forte crescimento da demanda na China, Rússia, no Oriente Médio e alguns países latino-americanos como o Brasil.

No entanto, é preciso considerar o impacto da desaceleração do maior mercado consumidor do mundo sobre a economia de países emergentes. Além disso, o setor do luxo não é sustentado apenas pela camada mais rica, formada por consumidores que permanecem blindados às crises econômicas. A demanda mais ampla, formada pela classe alta e média-alta, é suscetível aos impactos negativos do aumento dos preços, do encarecimento do crédito e dos gastos com habitação.

A norte-americana Coach, considerada uma marca de luxo acessível, já sentiu os efeitos do desaquecimento. O executivo-chefe da empresa, Lew Frankfort, afirma que o crescimento anual de 20% nas vendas de bolsas chegou ao fim. Frankfort reduziu as previsões de expansão para 5%. Outro aspecto negativo é o enfraquecimento da moeda americana, que poderá render muita dor de cabeça às empresas européias que produzem na região do euro.

Parte da produção poderia ser transferida para países com mão-de-obra mais barata, mas isso comprometeria o posicionamento das marcas que dependem do status do “savoir faire” europeu. Contudo, a principal ameaça do setor a longo prazo não vem da desaceleração da economia norte-americana e nem das variações do câmbio e sim da saturação das marcas de luxo. De acordo com um debate realizado no escritório da WWD e patrocinado pelo Grupo de Comunicações Berns, o excesso de produtos a preços cada vez mais acessíveis foi apontado por muitos especialistas como o principal problema da indústria. “O luxo deixa de ser luxo quando se torna onipresente”, disse Dana Telsey, diretora executiva e chefe de pesquisa da Telsey Advisory Group.

Diante deste cenário, as empresas podem adotar algumas medidas para driblar os efeitos da crise e ao mesmo tempo proteger o patrimônio de valor das marcas de luxo, entre elas: segmentar o mercado consumidor com mais cuidado e investir em um posicionamento de marca seletivo mesmo que a curto prazo isso não se reverta em aumento de receita; e desenvolver segundas ou terceiras marcas a diferentes preços para atingir um público mais amplo sem ferir o posicionamento da marca principal, a exemplo da Prada e da Miu Miu.

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