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quarta-feira, 30 de abril de 2008

ZONDA F CHEGA AO BRASIL CUSTANDO R$ 4 MILHÕES


Aos 10 anos, o argentino Horacio Pagani desenhava carrinhos no papel e os reproduzia em madeira ou argila. Dizia aos pais que queria ser construtor de automóveis. Aos 26, mudou-se para Modena, pátria italiana de marcas como Ferrari e Maserati, e mais tarde criou a Pagani, empresa que produz veículos exclusivos, de altíssimo luxo.A marca vale hoje 100 milhões de euros e vendeu, em vários países, apenas 100 carros em nove anos. Um deles chegou ao Brasil ontem, o Zonda F, que será vendido por R$ 4 milhões. Há três interessados. Só o seguro deve passar de R$ 200 mil.

O superesportivo Zonda é feito em fibra de carbono, como os modelos da Fórmula 1 e os aviões. Pesa até 700 quilos a menos que automóveis convencionais. Utiliza peças em titânio e alumínio e seu desenho é inspirado em caças de guerra e jatos dos anos 60. O carro tem equipamentos como GPS e freios ABS. Com motor de 12 cilindros, pode atingir 345 quilômetros/hora.

Cada componente, do câmbio aos bancos, do volante aos faróis, é criado por Pagani. Um carro leva de quatro a cinco meses para ser produzido. Quando o cliente faz a encomenda, bancos, volantes e pedal são adaptados às suas características. "Fazemos também sapatos especiais para maior conforto do motorista", diz Pagani, que participou, em São Paulo, da apresentação do veículo à imprensa.

A produção da Pagani está comprometida até 2010. Este ano, a empresa, que tem apenas 40 funcionários, vai produzir 25 veículos. Em 2009, serão 30 e, no ano seguinte, a produção vai dobrar para 60 unidades. "Estamos construindo uma nova fábrica", informa Pagani. O projeto consumirá 20 milhões.

A representante da marca no Brasil, a Platinuss, importadora presidida por Natalino Bertin Junior, do Grupo Bertin, terá direito a um carro este ano e mais um em 2009. A partir de 2010, a cota subirá para dois. É o mais caro à venda no mercado nacional. Antes, o título era da Ferrari F599, vendida a R$ 2,1 milhões. No mundo todo, está em segundo lugar no ranking dos mais caros, cotado a US$ 1,5 milhão (ver quadro).

Pagani explica que cada carro tem detalhes exclusivos. A versão que veio para o País, na cor amarela, tem bancos feitos em couro de avestruz, material testado nesse modelo.

Paixão

Pagani define sua carreira como a de um autodidata. Estudou engenharia, filosofia e artes. Ainda menino, leu livros sobre Leonardo Da Vinci, se encantou com a capacidade do artista de misturar arte, filosofia e ciências e seguiu sua escola.

"Um carro que custa milhões de euros não se compra só porque ele atinge mais de 300 quilômetros por hora. O valor é estabelecido por um componente emocional. É muito difícil dar preço a uma obra de arte ou medir quanto se ama", diz Pagani. Para ele, quando uma pessoa decide comprar um automóvel como o Zonda, não o faz pelos números, mas por desejo e paixão.

"A paixão por carros, que eu descobri aos 8 anos, me acompanha todos os dias de minha vida", afirma Pagani. Paixão visível em sua garagem, que abriga dois Zondas, dois Mercedes-Benz, um Jaguar antigo e 20 carros americanos também antigos. No dia-a-dia, dirige um Mercedes.

O cuidado do empresário com suas criações foi flagrado quando o Zonda F chegou ao local onde seria exposto. Pessoalmente, arrumou detalhes, limpou manchas deixadas pelo pessoal que conduziu o carro e sugeriu a iluminação ideal para a sala.

Pagani também arrumou o mostruário com peças que a empresa começa a criar, como relógios que no Brasil vão custar R$ 240 mil. Recentemente, começou a desenhar um iate, como parte da diversificação de suas atividades.

Quando foi morar na Itália, ele trabalhou como mecânico do terceiro escalão da Lamborghini. Em dois anos, já era responsável pelo setor de design. Passados nove anos, deixou a companhia e criou o Modena Design e, depois, a Pagani Automobili. "Meu sonho era ter uma fábrica para criar meu próprio carro, mas, na terra da Ferrari, da Lamborghini e da Maserati, tinha de ser único."

A amizade com o campeão argentino de F1 Juan Fangio abriu-lhe portas na Mercedes-Benz, que produz motores exclusivos para a marca. O primeiro carro de Pagani, lançado em 1999, levou sete anos para ser feito. Na época, suas duas empresas valiam 5 milhões. Hoje, só a marca Pagani vale 100 milhões.

Freqüentemente, ele recebe propostas de parceria ou compra, mas não pensa em largar o negócio. "Construir carros é a minha vida, não me interessa o dinheiro."

O que mantém o glamour da marca, além da exclusividade, é a valorização dos carros. Pagani conta que um modelo vendido por 250 mil há oito anos hoje vale 500 mil.

A negociação com Bertin durou um ano. "Ele tem paixão por carros, como eu", justifica Pagani. A Platinuss importa também veículos Lamborghini e Lotus. Bertin diz que os altos impostos encarecem a importação.

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